quinta-feira, 4 de março de 2010

Prévias ou Encontro Estadual para escolher entre Benedita e Lindberg?

Abaixo, minha carta ao companheiro publicitário e referência na questão, Hayle Gadelha.



Prezado Gadelha,




Não pude me conter ao analisar os argumentos dos companheiros que defendem a realização de prévias para escolha do (a) candidato (a) do PT ao Senado nas eleições de 2010.



Os argumentos, sempre muito bem embasados, pois tratam-se de companheiros com grande e brilhante história na construção do PT no Brasil, primam pela bandeira da democracia interna do PT e assumem um contorno legalista do processo político. No papel, tudo muito bonito. Já na realidade, a coisa é diferente.



Assistimos durante metade do ano de 2009 a uma disputa sem precedentes na história do PT/RJ (ao menos que me lembre dada minha pouca idade). O PED foi realizado sob forte clima de tensão entre as diversas chapas concorrentes temperado com condimentos de abuso do poder econômico, denúncias de fraudes de ordens diversas, dentre outras ilegalidades constantes no Estatuto e no Código de Ética do PT. Negar que o PT se expôs de maneira ímpar e esgarçou ao extremo as relações entre os campos internos é, no mínimo, virar as costas para a realidade interna. E o que querem os defensores das prévias? Que voltemos a este estágio de exposição e disputa que estabelece vencedores e vencidos. Cabe lembrar que o processo de eleições diretas, bem como outras ferramentas de escolha de candidatos/direção, deve sofrer modificações para o próximo período dada a contestação geral do último PED feito por a ampla maioria das correntes. Não à toa, o IV Congresso do PT criou uma comissão coordenada pelo deputado Ricardo Berzoini para reforma do estatuto.



Outro dado interessante do argumento dos democratas radicais trata do ineditismo desta proposta. Não há um caso sequer no Rio de Janeiro em que o candidato a senador foi escolhido por meio de prévias. Inclusive este grupo defensor deste processo de escolha deve se lembrar que em 2002 a escolha do candidato a senador foi no Encontro Estadual realizado na Convenção do Partido realizada na UERJ. Havia dois candidatos, o então vereador da capital Edson Santos e o ex- deputado federal Milton Temer. Naquele espaço, o PT sabia das pretensões de ambos. Optou por apenas uma vaga, destinando outra ao PC do B, tendo o atual ministro Edson Santos como candidato.



Defendo que a escolha do candidato a senador seja feita no Encontro Estadual porque acredito que este é o melhor espaço para se aprofundar o debate sobre o perfil de candidato que teremos. No entanto, o Encontro Estadual não deve servir apenas para vermos quem ganha mais esse Fla-Flu interno. Temos a obrigação de apresentar uma proposta de Programa de Governo à frente de partidos que será composta para reeleição do Governador Sérgio Cabral, além de discutir nossa política de alianças e tática eleitoral.



Acredito que definir no dia 21/03 nosso representante ao senado significa ganhar tempo para a disputa eleitoral além de botar o bloco na rua para eleição de nossos deputados, do (a) senador (a) e de nossa Presidente Dilma.



Um forte abraço,



Elton Teixeira

Vereador de Queimados pelo PT